sábado, 20 de agosto de 2011

A NECESSIDADE DE RESPONSABILIZAR OS POLITICOS


A necessidade de responsabilizar os políticos...

Rainer Daehnhardt

A NECESSIDADE DE RESPONSABILIZAR OS POLÍTICOS

PELOS ESTRAGOS QUE CAUSAM COM AS SUAS ACÇÕES

Qualquer automobilista é responsabilizado pelas suas acções no trânsito.
Um restaurante é responsabilizado pelo que serve à mesa.
Um médico é responsabilizado pela sua conduta profissional.
Então, por que razão, nenhum político é responsabilizado pelos seus actos?
Instalou-se mundialmente um sistema de intocabilidade religiosa em dois meios fortemente interligados, que são o financeiro e o político.
O pior que pode acontecer a um financeiro ou a um político é não ser reeleito para o seu cargo. As desgraças que as suas actuações causam a tanta gente são consideradas irrelevantes.
Isto está profundamente errado!
Procurar vestígios de corrupção, para ver se algum banqueiro ou governante acumulou fortunas pessoais de forma ilegal, é apenas um levantar de uma cortina de fumo, para não mostrar a verdadeira gravidade da situação.
Os seus comportamentos devem ser vistos, individualmente, como as origens das feridas, que as suas acções causaram, com efeitos nefastos, ao povo e à pátria, que supostamente deviam defender.
Proponho que pessoas qualificadas "avaliem a performance" (permito-me, neste caso específico, a usar a terminologia dos próprios), de todos os políticos, que ocuparam cargos no pós-25 de Abril de 1974.
Apoderaram-se de uma nação, que existia em harmonia desde da Ilha do Corvo até Macau.
O que fizeram dela?
Deve-se calcular, em números, os prejuízos, que suas actuações causaram, não apenas à metrópole, mas também aos povos ultramarinos.
Deve-se criar um escalão onde se atribua as percentagens de peso nas decisões, que correspondam a cada lugar governamental e por dia de ocupação.
De seguida, deve-se procurar saber quais foram as pessoas que ocuparam estes lugares e qual o montante de estragos por elas causados.
Logicamente, devem ser responsabilizados pessoalmente; a igualdade de direitos e deveres com todas as outras profissões a isto obriga.
Não existe fundamento lógico que justifique que os governantes não possam ser chamados à responsabilidade. Qualquer taxista, talhante, dentista ou educador é responsabilizado pelos seus actos.
Um julgamento público, devidamente transmitido pelos média, é suficiente para acabar com o assassinato da identidade nacional e conseguir o reestabelecimento imediato da soberania!
Qualquer um dos políticos responsabilizados devem ter direito de defesa e explicação do porquê das suas acções.
A justiça e a ordem pública têm de prevalecer!
Se as suas acções forem consideradas justificáveis perante o povo e a pátria, será absolvido.
Se as suas acções forem causadoras de endividamento da nação, do empobrecimento (espiritual ou monetário) do povo, terá que tentar indemnizar a nação e o povo. Caso não tenha bens suficientes para fazer face ao peso dos danos, terão que responder todas as pessoas, firmas ( incluindo os seus accionistas), ou instituições, que lucraram com as suas decisões e responder dentro dos montantes por eles indevidamente recebidos, para que se reponha o estado da Nação ao nível da data da sua tomada de posse.
Este julgamento terá, como consequência imediata, a dissuação do aparecimento de novos caçadores de fortunas fáceis na governação.
Isto, por sua vez, será a vassourada de limpeza ética que uma profissão (que devia ser merecedora de respeito) necessita urgentemente.
Quando o Dr. António de Oliveira Salazar assumiu a sua longa caminhada para tirar a pátria do endividamento estrangeiro e a criação de uma das mais fortes e respeitadas moedas então existentes, totalmente coberta por reserva de ouro, apenas pediu que lhe fosse pago o mesmo ordenado, que recebia, enquanto era professor da Universidade. Nunca aceitou mais um tostão. Nunca possuiu um grão de areia que fosse numa conta off-shore, nem desviou fortunas para familiares seus.
Um verdadeiro GOVERNANTE tem de ser RESPONSÁVEL pelas suas acções, como qualquer cidadão comum.
Já assim era no tempo de Viriato e no futuro terá de o ser de novo!

Rainer Daehnhardt

In revista Finis Mundi, nº1, págs. 209/211

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